Sim, foi ali. Tanto quanto é possível localizar-se uma fracção mais que secreta de vida, foi naquele lugar e naquele instante que eu, frente a frente com a minha imagem no espelho mas já desligado dela, me transferi para um Outro sem nome e sem memória e por consequência incapaz da menor relação passado-presente, de imagem-objecto, do eu com outro alguém ou do real com a visão que o abstracto contém.
José Cardoso Pires in De Profundis, Valsa Lenta Imagem retirada da net
Aung San Suu Kyi, nascida em Rangum, 19 de Junho de 1945, é activista birmanesa, premiada com o Nobel da Paz em 1991, líder da oposição ao regime ditatorial do país.
Filha de Aung San, o herói nacional da independência da Birmânia que foi assassinado quando Suu Kyi tinha apenas dois anos de idade.
Depois de ter vivido em Londres, regressou ao seu país em 1988, por altura da morte da mãe. O seu retorno à Birmânia, no momento denominada Myanmar, coincidiu com a eclosão de uma revolta popular espontânea contra vinte e seis anos de repressão política e de declínio económico no país. Em pouco tempo, Suu Kyi tornou-se a líder do movimento de contestação ao regime militar. Nesse ano, morreram dez mil pessoas em consequência das medidas de repressão adoptadas pelo regime. Após o seu partido (Liga Nacional para a Democracia) ter obtido uma vitória esmagadora nas eleições de 1990, Suu Kyi viu-se remetida a prisão domiciliária pela junta militar que governa o seu país. A Birmânia continuou a ser dirigida pelo general Ne Win num regime ditatorial, mas a luta pela democracia ganhava crescente visibilidade e apoio internacional.
Em 1990, Aung San Suu Kyi ganhou o prémio Sakharov de liberdade de pensamento, e em 1991 foi galardoada com o Prémio Nobel da Paz.
Em 1995 o regime militar decidiu levantar a pena de prisão domiciliária imposta à Prémio Nobel, como sinal de abertura democrática dirigido à comunidade internacional. As liberdades individuais de Suu Kyi, porém, continuam muito limitadas.
No dia 14 deste mês, Aung San Suu Kyi foi presa, acusada de permitir a entrada de um norte-americano em sua casa, violando assim a sua prisão domiciliar. A acusação é absurda pois a casa é cercada por guardas militares.
Mesmo correndo o risco de sofrer retaliações dos militares, os ativistas da Birmânia estão a organizar um movimento global pela libertação de Aung San Suu Kyi e de todos os prisioneiros políticos do país.
A petição, endereçada ao Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon, pede que ele negoceie a libertação dos presos como condição para qualquer nova relação com o país. A petição será entregue dia 26 deste mês pelos activistas pró-democracia birmaneses.
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Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali. A princípio não te vi: não soube que ias comigo, até que as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram comigo.
I don't care if Monday's blue Tuesday's grey and Wednesday too Thursday I don't care about you It's Friday i'm in love
Monday you can fall apart Tuesday Wednesday break my heart thursday doesn't even start It's Friday I'm in love
Saturday wait And Sunday always comes too late But Friday never hesitate...
I don't care if Monday's black Tuesday Wednesday heart attack Thursday never looking back It's Friday I'm in love
Monday you can hold your head Tuesday Wednesday stay in bed Or Thursday watch the walls instead It's Friday i'm in love
Saturday wait And Sunday always comes too late But Friday never hesitate...
Dressed up to the eyes It's a wonderful surprise To see your shoes and your spirits rise Throwing out your frown And just smiling at the sound And as sleek as a shriek Spinning round and round Always take a big bite It's such a gorgeous sight To see you in the middle of the night You can never get enough Enough of this stuff It's Friday I'm in love
Final da tarde. Enquanto o Sol se vai aproximando do horizonte, chega-me do rádio, a companhia da Deolinda.
"Dizem que é mau, que faz e acontece arma confusão e o diabo a sete agarrem-me que eu vou-me a ele não sei o que lhe faço desgrenho os cabelos esborrato os lábios"
Não vem sequer a propósito de nenhum pensamento, mas também não estava a pensar, de todo.
"se não me seguram dou-lhe forte e feio beijinhos na boca arrepios no peito"
Sigo pelo asfalto, deixo entrar a melodia no corpo, refrescar o espírito, sacudir o cansaço.
"e pagas as favas eu digo: - enfim, ó meu rapazinho és fraco para mim!"
Um sentido de vazio, um desejo de realização, como de costume vão tomando conta de um cérebro dormente, afogado em rotinas asfixiantes, preso a severas ancoras.
"De peito feito ele ginga o passo arregaça as mangas e escarra pró lado anda lá, ó cobardolas vem cá mano a mano eu faço e aconteço eu posso, eu mando"
Já não sei onde estou. Perdi-me na ausência de emoção, no desinteresse e abstracção geral. Abro a janela. O ar exterior desgrenha o torpor mental e traz uma inesperada lufada de vida a uma existência decrépita.
"e pagas as favas eu digo: enfim, ó meu rapazinho sou tão má para ti!
Ó meu rapazinho, ai eu digo assim: - Se não me seguram dou cabo de ti!"
Final da tarde, termina mais um dia. Desliga-se o rádio, liga-se a inexistência, baixam gradualmente as trevas sobre os insustentáveis gritos do silêncio.
Texto: Toni Música: Deolinda - Fado Toninho Imagem retirada da net
Rugas já começo a ter as primeiras rugas Rugas começam-me a nascer algumas rugas Rugas de chorar Rugas de sorrir Rugas de cantar, começo a franzir Rugas de chorar Rugas de sorrir Rugas de cantar Rugas de sentir Rugas...
Mar: - Não é de mim que tens os olhos cheios. É de lágrimas. Muitos de vós chegam-se a mim para chorar. Sabes dizer-me porquê?
Alma humana: - Nunca perguntaste?
Mar: - Não. Pareceu-me sempre inconveniente perguntar...
Alma humana: - Tens razão. Mas a minha razão, é porque me sinto lavada, leve, livre e renovada perto de ti.
Mar: - Como assim? Não entendo.
Alma Humana: - Sinto que posso esvaziar-me de todas as mágoas, dores, feridas, arrependimentos. Sinto que o posso fazer porque tu já conheces todas e cada uma em detalhe. Pela paz que me transmites, sinto-me livre de qualquer julgamento. Pelo ciclo das marés, sinto-me renovada, leve. Pela sucessão das ondas, sinto-me lavada, pronta para outra etapa. Entendes?
Mar: - Sim. Porque é que te transmito paz? Desculpa-me a curiosidade...
Alma humana: - Por causa da tua imensidão. Pareces infinito e isso ajuda-me a ver a verdadeira dimensão do que me trouxe a ti.
Mar: - Interessante a tua perspectiva. Eu faço isso tudo por ti, ou por vós?
Alma humana: - Sim, de um modo geral...
Mar: - E agora? Precisas mais de mim?
Alma humana: - Sim. Mas apenas para te entregar os meus pensamentos sombrios, pesados, que me doem até ao mais fundo de mim.
Mar: - Muito bem. Não digo mais nada. Irás voltar?
Alma humana: - Queres que volte?
Mar: - Quero. Gosto de companhia.
Alma humana: - Eu também. Por isso, certamente que volto.
It's a god-awful small affair
To the girl with the mousy hair
But her mummy is yelling "No"
And her daddy has told her to go
But her friend is nowhere to be seen
Now she walks through her sunken dream
To the seat with the clearest view
And she's hooked to the silver screen
But the film is a saddening bore
For she's lived it ten times or more
She could spit in the eyes of fools
As they ask her to focus on
Sailors fighting in the dance hall
Oh man! Look at those cavemen go
It's the freakiest show
Take a look at the Lawman
Beating up the wrong guy
Oh man! Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show
Is there life on Mars?
It's on America's tortured brow
That Mickey Mouse has grown up a cow
Now the workers have struck for fame
'Cause Lennon's on sale again
See the mice in their million hordes
From Ibiza to the Norfolk Broads
Rule Britannia is out of bounds
To my mother, my dog, and clowns
But the film is a saddening bore
'Cause I wrote it ten times or more
It's about to be writ again
As I ask you to focus on
Sailors fighting in the dance hall
Oh man! Look at those cavemen go
It's the freakiest show
Take a look at the Lawman
Beating up the wrong guy
Oh man! Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show
Is there life on Mars?
Numa aldeia havia dois homens que se chamavam Joaquim Gonçalves. Um era sacerdote e o outro era taxista. Quis o destino que os dois morressem no mesmo dia. Chegam então ao céu, onde os espera São Pedro.
- O teu nome? - pergunta São Pedro ao primeiro. - Joaquim Gonçalves. - O sacerdote? - Não, não, o taxista. São Pedro consulta a sua tabela e diz: - Bom, ganhaste o Paraíso. Levas estas túnicas com fios de ouro e esta vara de platina com incrustações de rubis. Podes entrar... - Obrigado, obrigado... - diz o taxista. Passam mais duas ou três pessoas, até que chega a vez do outro.
- O teu nome? - Joaquim Gonçalves. - O sacerdote? - Sim. - Muito bem, meu filho. Ganhaste o Paraíso. Levas esta bata de linho e esta vara de ferro com incrustações de granito.
O sacerdote diz: - Desculpe, não é por nada, mas... deve haver engano. Eu sou Joaquim Gonçalves, o sacerdote! - Sim, meu flho, ganhaste o Paraíso. Levas esta bata de linho e... - Não, não pode ser! Eu conheço o outro senhor, era taxista, vivia na minha aldeia, e era um desastre! Subia os passeios, chocava todos os dias, uma vez espetou-se contra uma casa, conduzia pessimamente, levava tudo à frente... E eu passei setenta e cinco anos da minha vida pregando todos os domingos na paróquia. Como é que lhe dão a túnica de ouro e a vara de platina e a mim isto? Deve haver engano!
- Não, não, não é nenhum engano - diz São Pedro - só que aqui no Céu, estamos a efectuar uma gestão como a que vocês fazem lá na terra. - Como? Não entendo. - Claro... agora o que conta são os resultados... É assim: durante os últimos vinte e cinco anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas adormeciam; mas cada vez que ele conduzia, as pessoas começavam a rezar. A rezar! A isto chamamos resultados! Percebeste agora?