Vens de noite no sonho
sem pés
entre páginas
de gasta paciência
quando a música findou
e teu sorriso se desfez
como um grão de pólen.
Vens no veneno oculto
de meus dias
no silêncio
dos meus ossos
devagar
arrastando em queda
o nosso mundo.
Vens no espectro
da angústia
na escrita
inquieta
destes versos
no luto maternal
que me devolve a ti.
A escuridão desce então
sobre o meu corpo
quando o rosto da morte
adormece na almofada.
Ana Marques Gastão
1 comentário:
Há sentimentos muito fortes que podem adormecer, hibernar até, mas não morrem, mesmo que por vezes os condenemos e lhes ofereçamos lírios brancos e velas roxas e palavras despedaçadas.
Não morrem porque nós não queremos realmente que morram.Acho que é por isso.
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