sexta-feira, junho 20, 2014

A boca





A boca
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar

Levar-te à boca
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta
como se pode morrer?


Eugénio de Andrade
Foto retirada da net

quarta-feira, junho 18, 2014

Mahatma Ghandi sobre...


Qual é mesmo o país de que ele está a falar?




A minha dor não é a solidão, mas a morte de uma nação que considera a pobreza uma alegria, incompetência como paciência e que, com um sorriso nos lábios, considera ingenuamente, que é destino.


Imagem retirada da net

sexta-feira, junho 13, 2014

Imperdoável





Imperdoável é o que não vivi
Imperdoável é o que esqueci
Imperdoável é desistir de lutar
Imperdoável é não perdoar

Tive dois reis na mão
E não gostei
Vi catedrais no céu
Não as visitei
Vi carrosséis no mar
Mas não mergulhei
Imperdoável é o que abandonei

Vejo-me cego e confuso nesta cama a latejar
O que seria de mim sem o meu sentido de humor
Praticamente mudo sinto a máquina a bater
É o rugido infernal destas veias a ferver

Imperdoável é dispensar a razão
Imperdoável é pisar quem está no chão
Imperdoável é esquecer quem bem nos quer
Imperdoável é não sobreviver

Vejo-me cego e confuso nesta cama a latejar
O que seria de mim sem o meu sentido de humor
Praticamente mudo sinto a máquina a bater
É o rugido infernal destas veias a ferver

Imperdoável é o que não vivi
Imperdoável é o que esqueci
Imperdoável é desistir de lutar
Imperdoável é não perdoar


Jorge Palma