segunda-feira, fevereiro 28, 2011


E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.


Friedrich Nietzsche

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Chuva



As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudade
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
Da história da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir

São emoções que dão vida
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder

Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai, meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob a chuva
Há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade e eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade



Jorge Fernando

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Amar


Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...

E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...



Mário Quintana
Foto retirada da net

segunda-feira, fevereiro 14, 2011


As tuas pernas abrem-se aos meus beijos.
Sentes o calor dos meus lábios.
Sentes a minha língua percorrer-te, entrar em ti.
Das carícias que te lambem, vem o teu prazer.
Vens-te com prazer na minha boca.
Vens-te com loucura, ao toque da minha língua...



Toni
Foto retirada da net

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Eterna verdade


(...)
Sentiu-se melhor depois da decisão de ser apenas mais um dos do bando. Daí em diante não haveria mais laços a prendê-lo à força que o levara a aprender, não haveria mais desafios nem mais fracassos. E era bom deixar de pensar, e voar no escuro em direção às luzes da praia.

"ESCURO!" A voz irreal estalou em alarma. "AS GAIVOTAS NUNCA VOAM NO ESCURO!"

Mas Fernão não prestava atenção e não a ouvia. "É bom", pensava. "A Lua e as luzes brincando na água, atirando à pequenos lampejos, e tudo tão calmo, tão parado..."

"Desça! As gaivotas nunca voam no escuro! Se estivesse destinado a voar no escuro teria olhos de coruja! Teria mapas em vez de miolos! Teria as asas curtas do falcão!"

Envolto na noite, a trinta metros no ar, Fernão Capelo Gaivota... pestanejou. A dor e as resoluções desvaneceram-se.

Asas curtas. AS ASAS CURTAS DO FALCÃO!
"É isso! Como fui louco! Tudo o que preciso é de uma asinha curta, tudo o que preciso é fechar as asas o mais que puder e voar só com as pontas! ASAS CURTAS!"

(...)
"Quando souberem do triunfo", pensava, "ficarão loucos de alegria. Como vale a pena agora viver! Em vez da monótona labuta de procurar peixe junto dos barcos de pesca, temos uma razão para estar vivos! Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos encontrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres! PODEMOS APRENDER A VOAR!"

(...)
— Fernão Gaivota — disse o Mais Velho — é chamado ao centro por vergonha aos olhos das gaivotas suas semelhantes!

Foi como se lhe batessem com uma tábua. Os joelhos enfraqueceram-lhe, um enorme rugido ensurdeceu-o. "Ser chamado ao centro por vergonha? Impossível! O triunfo! Eles não podem compreender! Estão errados, estão errados!"

— ... pela sua desastrada irresponsabilidade — entoava a voz solene —, por violar a dignidade e a tradição da família das gaivotas...

ser chamado ao centro por vergonha significava que seria banido da sociedade das gaivotas, desterrado para uma vida solitária nos Penhascos Longínquos.

— ... um dia Fernão Capelo Gaivota aprenderá que a irresponsabilidade não compensa. A vida é o desconhecido e o desconhecível, mas não podemos esquecer que estamos neste mundo para comer e para nos mantermos vivos tanto quanto pudermos.

(...)
Fernão Gaivota passou o resto dos seus dias sozinho, mas voou muito além dos Penhascos Longínquos. A solidão não o entristecia. Entristecia-o que as outras gaivotas se tivessem recusado a acreditar na gloria do vôo que as esperava. Recusaram-se a abrir os olhos e ver.



Richard Bach in Fernão Capelo Gaivota
Foto retirada da net

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

As moedas

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia.
Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o idiota ao café onde se reuniam e ofereciam-lhe a escolha entre duas moedas: uma de 2 Euros e uma de 50 centimos.

Ele escolhia sempre a menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e perguntou-lhe se ainda não tinha percebido que a moeda de 50 centimos valia menos.

- Eu sei! Respondeu o tolo. - Ela vale 4 vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou ter mais nenhuma moeda.


Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira:  Quem parece idiota, nem sempre é.

A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?

A terceira: Se você for ganancioso, vai destruir a sua fonte de rendimento.

A quarta e mais interessante: 

A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.


Moral da História:
O maior prazer de uma pessoa inteligente é passar por idiota, diante de um idiota a passar por inteligente.



Recebido por email

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Traz outro Amigo



Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também



José Afonso