sexta-feira, setembro 09, 2011

Quando vier a Primavera


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.



Alberto Caeiro
Foto retirada da net

1 comentário:

PERSEVERÂNÇA disse...

Quando vier a primavera quero estar esperando por vc na varanda do meu quarto. Qdo a luz do sol tocar minha face e reencontrar o seu bj, me sentir plena.
A morte nada mais é que apenas um momento de silencio, pois levarei comigo o melhor que vc deixou...
Abraços Tony, o blog está muito bom, diria que ótimo.
Espero por vc no Perseverança.
Abraço.
Nicinha