segunda-feira, junho 08, 2009

Passamos pelas coisas sem as ver



Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.



Eugénio de Andrade
Foto retirada da net

3 comentários:

Lumenamena disse...

Na realidade estamos a ficar cada vez menos humanos. Penso que intriga a todos!

Feiticeira disse...

Sim, na realidade quando a solidão nos toca, começamos a ficar imunes,isentos de sentimentos e de convivência com todos os seres humanos

Anónimo disse...

Lembro-me de ter lido pela primeira vez este poema há cerca de dois anos... Mostra uma realidade tão cruel. Cada pessoa anda tão fechada na sua vida que não repara nos outros à sua volta. Por isso, tantas vezes observamos graves problemas que estavam mesmo por debaixo do nosso nariz, mas que nunca demos conta da sua existência. Outras vezes é a indiferença... É ver e não fazer nada.